Eu confesso que já tive alguns – sérios – problemas de matemática. Desde as primeiras experiências com a tabuada até o final do ensino médio, meus resultados nas provas eram muito abaixo da média. Acho que eu só consegui chegar a um nível minimamente aceitável para passar no Vestibular – e olha que passei bem – por causa dos investimentos do meus pais nas aulas de reforço. Era um terror mesmo. Hoje, eu e a matemática estamos em paz. E costumo dizer que profissional de RH não pode só gostar de gente e fugir de número. Porque tem muito número na vida de um profissional de RH, principalmente, se ele quiser atuar de forma generalista. É resultado de pesquisa de clima (o que é um percentil?), análises salariais, análise de dados demográficos, comparação de propostas de possíveis fornecedores e por aí vai.
Mas o erro que eu cometi não envolvia nenhum conhecimento mais sofisticado de matemática. Foi uma conta de multiplicação muito básica, combinada ao fato de ter me atrasado para arrumar a sala para um workshop.
Normalmente, quando eu vou facilitar, eu gosto de turmas pequenas. Se possível, no máximo com 20 pessoas. Principalmente se é um workshop que envolve muita participação, para que haja oportunidade para todos compartilharem suas reflexões sem correria.
Meu mundo ideal é facilitar em algum lugar que tenha uma boa infraestrutura, tipo hotel. Já fiz diversos cursos nesse formato. Eu dava as orientações por telefone, falava quantos lugares precisava, se queria mesa redonda, formato em U, toalha colorida e, no dia do encontro, chegava com uma certa antecedência e já estava tudo bonitinho: mesas arrumadas, projetor prontinho e centralizado na tela e era só eu organizar meus papeis, plugar meu computador e começar.
Mas nem sempre isso é possível.
O local onde o curso iria acontecer era uma faculdade. Por isso, as mesas eram pequenas. Quando eu facilitava nesse local, já sabia que tinha que ir preparada pra fazer de tudo: arrastar mesas e cadeiras, conseguir uma extensão pra ligar o projetor, acertar o enquadramento na tela… bom, já deu pra entender.
Lá fui eu, resignadamente, fazer todo esse trabalho. Mas eu não cheguei tão cedo quanto eu devia e acabei tendo que dar uma corrida pra fazer toda essa arrumação. A lista de presença contava com 16 participantes. Juntei algumas mesas para criar 3 grupos e coloquei 4 cadeiras em cada grupo.
Pois é. Três vezes quatro dá 12.
Nesse lugar onde eu trabalhava havia um péssimo hábito da impontualidade. Já houve vezes em que eu optei por atrair os participantes com um café da manhã de boas vindas marcado pra 30 minutos antes do início do workshop pra ver se conseguia ter todos os participantes dentro da sala na hora certa. Verdade que não é todo mundo que chega atrasado, mas não foram poucas as vezes em que eu comecei o dia – porque eu não costumo dar mais de 5 minutos de tolerância – com metade dos participantes na sala.
Voltando à minha história. Comecei o workshop e, um pouco depois do início… os menos pontuais começaram a chegar. Até que chegou uma pessoa, e não havia lugar pra ela. Arranjei uma cadeira e seguimos adiante. Mas aí chegou outra pessoa. E mais outra… e eu me vi com um grupo de 16 pessoas amontoadas em 3 grupos de mesas.
No intervalo, eu dei meu jeito (e tome de arrastar mais mesa pra cá e pra lá), reorganizei tudo pra que todos pudessem caber de forma adequada na sala.
Tudo isso, porque eu achei que três vezes quatro eram dezesseis.
E porque não cheguei cedo o suficiente pra fazer toda essa arrumação e conferência.
Arrumação da sala é um item super importante de um workshop. Você pode ter o conteúdo mais bacana do mundo, mas se a sala estiver com um visual ruim, o espaço for pouco atraente, o material de apoio pobre, esse conteúdo tende a se perder um pouco.
No caso desse exemplo, claramente, eu deveria ter chegado um pouco mais cedo, senão, teria percebido o meu erro e não passaria pelo aperto que eu passei. Não existe um tempo exato de com que antecedência você precisa chegar. No mínimo, uma hora. Mas, dependendo do nível de complexidade da arrumação que você precisa fazer, talvez seja uma boa chegar 2 horas antes do início. Ideal mesmo é deixar tudo pronto de véspera, mas isso depende muito do local que você vai utilizar para realizar o seu workshop.
O treinamento correu bem e os feedbacks foram bastante positivos. Mas, por causa de um erro de cálculo – tanto matemático quanto de tempo – eu criei um stress desnecessário pra mim e um desconforto para o meu público. Tudo o que não é necessário quando você está pensando em transformar pessoas por meio da aprendizagem.